

Desde tempos ancestrais que a humanidade tem o costume de criar ou aumentar seus feitos em guerras. Exemplos antigos e recentes não faltam.
Um exemplo antigo é o mito do Rei Leônidas e seus 300 soldados. Embora alguns elementos da narrativa sejam verdadeiros, Leônidas não era o único a combater os persas, e não estava com apenas 300 soldados.
Outro mito mais recente foi o ‘fantasma de Kiev’, que seria um piloto ucraniano que abateu diversos russos durante a guerra ora em andamento. Ao que parece realmente os pilotos ucranianos lutaram muito bem, mas não há elementos que provem que algum deles conseguiu abater aeronaves russas em combates aéreos.
Entretanto, há um mito que persiste até hoje, especialmente na Argentina, em relação ao suposto ataque contra o NAe (navio-aeródromo, ‘porta-aviões’) britânico HMS Invincible, supostamente realizado 40 anos atrás, em 30 de maio de 1982.
O que há de substância por trás desta narrativa, que os argentinos insistem, até hoje, que realmente aconteceu, embora as evidências – como a foto de capa, com o Invincible chegando são e salvo a Portsmouth – não sustentem esta versão dos fatos?
A MISSÃO
Quando a Argentina invadiu as Falklands, renomeando-as Malvinas – a Operação Rosário – a Inglaterra se preparou para uma resposta bastante dura para retomar as ilhas, a Operação Corporate. Basicamente, a Inglaterra mandou uma gigantesca FT (Força Tarefa) nucleada em dois NAe, o HMS Hermes, que também era a nau capitânia, e o HMS Invincible.
Os Harrier e Sea Harrier embarcados nos dois NAe eram um doloroso espinho para os argentinos, que não economizaram esforços para neutralizá-los, e os ingleses, por sua vez, tomaram todos os cuidados para protegê-los, seja através do uso de piquetes radar (posicionar outros navios, como fragatas e destroyers, mais afastados, para que detectassem os ataques antes de se aproximar demais dos NAe), e também ao manter a FT bem longe das Ilhas, o que forçava os argentinos a voar no limite extremo do alcance. Mesmo assim, os argentinos montaram uma ousada missão para atacar os NAe, especialmente o Invincible, que tinha maior visibilidade na mídia (era muito mais novo que o Hermes, e o primeiro ‘cruzador de convés corrido’).
Ao longo da guerra, a Argentina já tinha disparado 4 dos 5 Exocet que tinha quando o conflito começou, com bons resultados: afundamento do HMS Sheffield e do Atlantic Conveyor, e danos ao HMS Glamorgan. Restava um único Exocet, e os argentinos decidiram que não havia alvo melhor que o HMS Invincible, erroneamente chamado de nau capitânia da FT inglesa – o HMS Hermes, o outro NAe britânico na guerra, é que era a nau capitânia.
Segundo a narrativa argentina, o HMS Invincible seria atacado por uma frota conjunta de aeronaves da FAA (Força Aérea Argentina) e do COAN (Comando Aeronaval), usando tanto bombas ‘burras’ (não guiadas) como o mortífero ASCM (míssil de cruzeiro antinavio) Exocet.
Dois SUE (Super Etèndard) e quatro A-4C Skyhawk seriam usadas no único ataque conjunto da aviação argentina na guerra; cada Skyhawk usaria 3 bombas de 500 libras (~250 kg), e um dos SE levaria o último Exocet.
O A-4C foi escolhido porque era a única variante do Skyhawk da FAA com sistema REVO (reabastecimento em voo), e também tinha os sistemas de navegação mais modernos e mais oxigênio a bordo, necessários para um voo tão longo; os SUE contavam com sistemas REVO, de navegação e de oxigênio ainda melhores.
A missão nos Skyhawk era considerada suicida, pois teriam que voar ‘na altura das ondas’ e atacar os navios ingleses com bombas e canhões, colocando-os ao alcance de todas as armas defensivas inglesas. Os SUE também se arriscavam a ter que enfrentar os Harrier, mas não estariam expostos às defesas dos navios, graças ao elevado alcance do Exocet. Os pilotos dos Skyhawk foram voluntários para a missão, que cumpriram com tal coragem e perícia que conquistaram a admiração e o respeito do mundo, até dos ingleses.
Após atrasos devido à pouca disponibilidade dos dois KC-130 – os únicos aviões-tanque argentinos, que além de REVO ainda precisavam cumprir as missões regulares de transporte – o ataque finalmente foi autorizado em 30 de maio. O REVO era essencial para a missão pois, devido à distância necessária tanto para atacar a frota como para evitar os radares mais importantes, os A-4 precisariam reabastecer na ida e na volta; os SUE só precisariam reabastecer na ida.

Após o complexo REVO inicial, as aeronaves se lançaram ao ataque. Como não havia apoio MPA (aeronaves de patrulha marítima), os SE tiveram que acionar seus radares várias vezes, o que alertou os britânicos antes do que aconteceu, por exemplo, no ataque ao Sheffield.
E é no decorrer da missão que começam as controvérsias.
O MITO
Os SUE lançaram o Exocet a cerca de 20 milhas náuticas (~36 km). Os pilotos dos A-4 seguiram o Exocet e afirmam ter presenciado um impacto e avistar fumaça preta, mas os pilotos dos SUE dizem não ter certeza do impacto, já que não acompanharam o voo do míssil, abandonando a área depois do lançamento. Afirmam também terem feito contato visual com o Invincible, e o terem atacado com bombas e tiros dos canhões, apesar do intenso fogo antiaéreo, que infelizmente resultou no abate de dois dos Skyhawk, pilotados pelos Primeiro-Tenente Omar Jesús Castillo e Primeiro-Tenente José Vázquez, foram abatidos; ambos os pilotos morreram.
Algumas versões dos argentinos dizem que o Invincible afundou, sendo substituído por outro NAe (Ark Royal ou Illustrious, os dois outros NAe da Classe Invincible) antes de voltar à Inglaterra; outras dizem que foi apenas danificado, e depois reparado (no Chile ou Brasil, conforme a versão), o que atrasou sua volta a Portsmouth.
E aqui começam os ‘furos’ da versão argentina.
ATINGIDO?

Esta foto do Invincible, alegadamente, foi tirada em 7 de junho de 1982, ou seja, cerca de uma semana após a missão argentina. Como se pode observar, o navio parece estar em perfeita ordem, inclusive com algumas aeronaves Harrier no seu convoo.

Esta imagem, embora não tenha data específica, também é de junho de 1982, e também mostra o navio em perfeita ordem.
No dia 11 de julho, o jornalista espanhol Andrés Ortega, do El País, foi convidado a bordo do Invincible, e escreveu um artigo sobre a visita. Segundo o artigo, o Invincible estava em condições normais.
O Invincible precisou se afastar por um breve período para substituir seu motor (tarefa que pode ser executada em alto mar, conforme este artigo explica), mas depois voltou novamente às Falklands para render o Hermes (que precisava retornar imediatamente para um PMG – período de manutenção geral – que acabou levando cerca de 4 meses).
O Invincible acabou sendo rendido em agosto pelo recém-construído HMS Illustrious, e chegou em Portsmouth em setembro de 1982 por uma grande multidão quando voltou a sua base em Portsmouth – ele tinha passado 166 dias em missão, um recorde para a Royal Navy.
Michael Griffiths, oficial da reserva da Royal Navy (Marinha Real do Reino Unido), afirmou ter estado a bordo do Invincible nesta ocasião, e afirmou que o navio estava em condições normais.
Ou seja, há evidências de testemunhas e de fotografias de que o Invincible não apenas não afundou, mas como sequer teria sido atingido.
O que aconteceu então, segundo os ingleses?
VERSÃO INGLESA
Segundo os ingleses, os argentinos atacaram o destroyer HMS Exeter e a fragata HMS Avenger, que estavam a cerca de 40 milhas (72 km) do Invincible; eles teriam acionado suas contramedidas eletrônicas e defesas (mísseis e canhões), abatendo dois dos quatro Skyhawk e o Exocet (que também poderia ter batido no mar).
O tempo estava ruim no momento do ataque, e além disso os argentinos voaram tão baixo que conseguiram obter surpresa total. O resultado do clima e da surpresa é que os ingleses ficaram bastante confusos e tiveram dificuldades em saber o que realmente estava acontecendo.
Por exemplo, durante boa parte do engajamento os ingleses achavam que estavam sob ataque de dois Exocet e 3 Skyhawk; só mais tarde foram perceber que na verdade era 1 míssil e 4 aeronaves.
Os ingleses alegam que usaram cortina de fumaça branca para ajudar nas defesas; a fumaça, o mau tempo e as condições gerais teriam levado os argentinos a confundir o deck de helicópteros do Avenger com o convoo do Invincible, e é por isso que os argentinos ainda acreditam que estavam atacando de fato o Invincible.
Ainda segundo os ingleses, nem o míssil nem as bombas argentinas conseguiram atingir nenhum dos navios.
‘FUROS’ NA VERSÃO INGLESA
Os argentinos alegam que a versão inglesa tem alguns ‘furos’:
1) é altamente improvável que um canhão de 114 mm possa realmente destruir um míssil que voa a 10 metros de altura a 1.000 km/h.
2) as contramedidas falharam miseravelmente apenas cinco dias antes, quando o MV Atlantic Conveyor foi afundado, e por que eles deveriam trabalhar naquele dia?
3) a fumaça vista pelos pilotos argentinos do Skyhawk não era branca, mas preta.
4) mesmo em uma situação de estresse como ser atacado pelas defesas britânicas, é difícil identificar erroneamente o grande convés de vôo lateral de um porta-aviões com o pequeno convés de vôo de uma fragata.
5) além de tudo isso, o HMS Invincible não apareceu em Port Stanley até o final de julho de 1982, e quando retornou à Inglaterra em setembro de 1982, parecia uma grande faixa a bombordo (o lado atacado pelo Exocet e os Skyhawks) pintado recentemente.
Em relação ao ponto 1, é possível que o Exocet tenha ou caído ao mar, ou que o que os canhões atingiram foi um dos Skyhawk; como dissemos acima, os ingleses estavam confusos no momento do ataque.
O ponto 2, embora razoável, não é definitivo – por exemplo, é possível que o radar do Exocet tenha conseguido travar no enorme Atlantic Conveyor mas não na pequena Avenger devido à SNR (razão sinal:ruído). Falamos mais sobre isto neste artigo.
Em relação aos itens 3 e 4, depende-se inteiramente do relato dos pilotos argentinos, não sendo possível confirmar ou refutar através de outras fontes.
Em relação ao item 5, não passa de uma impressão do autor, e ainda que fosse verdade, não significa muita coisa.
A teoria de que os ingleses pderia substituir o Invincible por algum outro da sua classe é pouco verossímil, pois os outros ainda não tinham sido sequer comissionados.
Mas há uma terceira possibilidade, que pode parecer maluquice à primeira vista.
ENGANO? (POSSÍVEL) HISTÓRIA ALTERNATIVA
Um NAe foi de fato atingido, mas ele não era inglês e sim americano!
Os NAe da classe Iwo Jima (LPH) foram comissionados entre 1961 e 1970, originalmente como porta-helicópteros, mas depois foram modificados para operar os Harrier. É possível que o próprio USS Iwo Jima (LPH-2), de 18 mil toneladas, comissionado em 1961, tenha sido enviado em apoio aos ingleses.
O USS Iwo Jima foi uma das primeiras belonaves do mundo a serem equipadas com os Harrier, tanto ingleses como americanos (feitos sob licença), e serviu como base para os outros da classe.

Embora esta hipótese pareça absurda à primeira vista, vamos analisar algumas informações.
A classe Iwo Jima era composta por 7 NAe novos (comissionados entre 1961 e 1970). O primeiro da classe, USS Iwo Jima, foi comissionado em 26/08/1961.
Embora publicamente os EUA se declarassem neutros na Guerra das Falklands, a verdade era que, nos bastidores, o apoio americano aos ingleses era bastante grande, a ponto de os EUA oferecer o Iwo Jima para combater.
Em 1982, o Iwo Jima já era um veterano da US Navy com mais de 20 anos em serviço, muitos deles operando os Harrier, e vários tripulantes já tinham passado pelo navio, com muitos deles já na reserva. Não seria impossível, portanto, seguir o ‘modelo dos Tigres Voadores’, os lendários mercenários americanos que combateram pela China antes de os EUA entrarem oficialmente na Segunda Guerra Mundial.
Os Tigres Voadores foram formados através de uma ordem presidencial secreta de Roosevelt, e lutaram com os mesmos aviões que o Exército dos EUA utilizava na época; por serem mercenários e, pelo menos publicamente, o governo dos EUA não ter nada a ver com eles, caso fossem abatidos ou mortos não poderiam esperar quaisquer ações em termos de resgate ou indenizações.
Caso seguissem o ‘modelo’ dos Tigres Voadores, mercenários americanos poderiam estar operando o Iwo Jima em favor da Inglaterra.
No estudo “Un portaaviones yankee para la reina (Malvinas 1982)”, o Dr Mariano Pablo Sciaroni, escrevendo para a ‘Escuela de Guerra Naval’ da Armada da República Argentina, detalha como teria acontecido esta ação.
Embora o Iwo Jima fosse um tanto menor que o Invincible, um observador não experimentado teria dificuldades em achar grandes diferenças entre os dois navios, especialmente numa missão a altitude ultrabaixa, em clima adverso, e com as defesas antiaéreas bastante ativas… É razoável supor que os pilotos argentinos pensarem que atingiram o NAe inglês e não o americano, que sequer deveria estar ali!
A participação americana era secreta na época, e como havia outras belonaves da mesma classe, os EUA teriam o incentivo e a capacidade de esconder o fato, mesmo que resultasse em baixas.
E antes que alguém diga que essa teoria é uma ‘viagem na maionese’ e que não há documentos oficiais mencionando isto, seria bom lembrar que certos documentos podem ficar confidenciais por bastante tempo – o Presidente John Kennedy foi assassinado quase 20 anos antes da Guerra das Falklands e muitos documentos referentes à investigação do assassinato ainda são confidenciais. Portanto não seria surpresa nenhuma se daqui a alguns (ou muitos!) anos fossem publicados documentos oficiais do apoio americano à Operação Corporate.
LIÇÕES PARA O BRASIL
Não há dúvidas quanto à habilidade e coragem dos valorosos militares brasileiros, mas as valorosas FFAA (Forças Armadas Brasileiras) podem e devem aprender algumas lições deste evento.
Primeiro, as lições para a FAB (Força Aérea Brasileira).
A primeira lição é a importância do controle do mar. Nossa Amazônia Azul é imensa, e para que possamos efetivamente vigiá-la e controlá-la, as FFAA devem investir em alguns meios, como aeronaves de patrulha marítima (que foram essenciais em ataques anteriores mas que não participaram ativamente deste engajamento) e radares de longo alcance baseados em terra (foi um destes radares que detectou a posição dos britânicos). Embora bastante eficientes, nossas aeronaves de patrulha marítima vão precisar ser complementadas e substituídas no futuro, e não contamos com uma rede adequada de radares de vigilância costeira, especialmente ao se considerar o tamanho da nossa ZEE (zona econômica exclusiva).
A segunda lição é a importância dos ASCM. Embora haja iniciativas boas neste sentido, como o desenvolvimento do MANSUP (míssil anti navios de superfície) nacional lançado a partir de navios, o Brasil precisa investir em outras variantes do míssil (lançadas a partir de submarinos, helicópteros e aeronaves como o Gripen) e/ou em mísseis importados como versões atualizadas do próprio Exocet, RBS-15, BrahMos… Os SUE nunca passaram pelos desafios dos Skyhawk em termos de evitar as defesas dos navios justamente porque os Exocet podiam ser lançados fora do alcance destas defesas.
A terceira lição, e que felizmente o Brasil já está resolvendo de maneira adequada, é uma frota altamente capaz de aviões-tanque, o que evita o cancelamento de missões como aconteceu com os argentinos. O Brasil já está adquirindo 22 aeronaves KC-390 e alguns kits REVO (o ideal seria ter pelo menos 10 kits, para contar com uma boa capacidade neste sentido), e também está adquirindo duas aeronaves A330 MRTT (as melhores aeronaves da categoria). O KC-390 é superior ao KC-130, e o A330 MRTT está num patamar ainda mais elevado.
A quarta lição, que o Brasil já resolveu em décadas anteriores, é equipar todas as suas aeronaves ofensivas com sistemas REVO. Caso as demais aeronaves ofensivas argentinas tivessem sistemas REVO, e caso a Argentina contasse com uma frota REVO mais robusta, os ataques argentinos poderiam ter sido executados não por 6 aeronaves, mas por dezenas, o que iria dificultar ou impossibilitar a defesa dos navios britânicos, mesmo com apoio dos Harrier.
A quinta lição, que o Brasil vai resolver com o Gripen (e que já tinha resolvido parcialmente nas modernizações de outros vetores) é que as aeronaves ofensivas devem contar com sensores modernos e sistemas eficientes de apoio ao piloto. Apenas os SUE tinham radares adequados para o ataque naval, e tiveram que acioná-los muito perto da frota inglesa; os A-4B não dispunham dos sistemas de navegação e apoio ao piloto da versão C. Os Gripen contam com um dos radares mais avançados do mundo, e podem usá-los de tal forma que apenas uma aeronave, mais afastada, aciona o radar e fornece informações para as demais da formação. O Gripen também conta com um moderno OBOGS (sistema interno de geração de oxigênio), capaz de fornecer oxigênio ao piloto mesmo em voos de duração extremamente longa. Os Gripen também contam com alguns dos mais modernos sistemas de navegação e comunicação do mundo.
A MB (Marinha do Brasil) também pode aprender muito com esta situação.
O primeiro e o segundo pontos são os mesmos da FAB – mais meios para vigilância marítima e mais vetores de lançamento de ASCM.
O terceiro ponto já é mais preocupante – sistemas de defesa antiaérea embarcados em navios. Embora as FCT (Fragatas Classe Tamandaré) apresentem melhora neste sentido, de modo geral os navios de superfície da MB contam com poucos meios antiaéreos, e como podemos perceber neste evento e também em outros como o afundamento do cruzador russo Moskva, os ASCM são mortíferos, e a única forma de contê-los é com defesas aéreas eficientes.
Quarto ponto – e ainda mais preocupante – é a falta de AEW (alerta aéreo antecipado) embarcado. Embora a FAB disponha do E-99, um excelente AEW baseado em terra, é importante contar com AEW embarcados para lidar com ASCM; o voo ‘na altura das ondas’, típico dos ASCM modernos, limita drasticamente o alcance de detecção do radar em função da curvatura da Terra. Solução: colocar o radar o mais alto possível, de preferência a bordo de aeronaves. Propostas como o ‘drone’ (ARP, aeronave remotamente pilotada) Reaper baseado em NAe, ou de helicópteros com radares Searchwater, poderiam preencher esta lacuna.
Quinto ponto – táticas e doutrina são importantes. HMS Exeter e HMS Avenger estavam em piquete radar longe do Invincible, e foi graças a isso que o NAe não foi atingido. O HMS Sheffield foi atingido justamente num piquete radar, mas os NAe que ele protegia ficaram seguros. A MB deve melhorar sua capacidade com as FCT, mas é preciso mais, tanto em termos de quantidade como em termos de qualidade. O uso de AEW aumenta ainda mais a eficiência dos piquetes radar. Ademais, os submarinos, ausentes nesta missão, são importantes na defesa contra outros submarinos e também navios de superfície.
CONCLUSÃO
Não é possível fazer juízo de valor de uma ação tão ousada, feita em condições tão adversas, e sob tão pesado fogo inimigo. Acreditamos que, se houve erros dos militares envolvidos, se deveram mais à ‘neblina da guerra’ do que à má fé.
Portanto, este texto não faz juízo de valor de nenhuma das três versões principais, apenas as apresenta, para que o leitor tire suas próprias conclusões.
Também não fazemos juízo de valor quanto à posse das Ilhas, legitimidade do governo argentino da época, e outros questionamentos de cunho político, social, econômico, moral… – analisamos apenas os acertos e erros das ações militares dos beligerantes, e o funcionamento dos meios envolvidos, com o objetivo principal de aprender mais sobre este conflito, e aprender lições que eventualmente possam beneficiar às Forças Armadas do Brasil.
Finalizando, não podemos deixar de honrar a coragem e a perícia dos pilotos argentinos ao longo do conflito, especialmente os pilotos dos Skyhawk deste ataque, voluntários em uma missão considerada suicida por muitos:
Primeiro-Tenente Ernesto Rubén Ureta
Primeiro-Tenente Omar Jesús Castillo
Primeiro-Tenente José Vázquez
Alférez Gerardo Guillermo Isaac
Homenagem especial aos então Primeiros-Tenentes Castillo e Vázquez, que tombaram em ação, defendendo sua pátria.
Os pilotos dos SUE, embora não se envolvessem em tantos perigos pois o Exocet podia ser lançado além das defesas inglesas, também foram corajosos ao se expor aos Harrier ingleses – que, para sorte deles, não conseguiram interceptar nenhuma das aeronaves argentinas envolvidas no ataque.
Capitán de Corbeta Alejandro Francisco
Teniente de Navío Luis Collavino
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Mestre e amigo, Professor Luiz Reis, pela ajuda com o contexto da época.
Agradecemos ao Dr Phil Weir pelas explicações em relação à substituição do motor do Invincible em alto-mar.
FOTO DE CAPA: Arte retratando o ataque argentino ao HMS Invincible, segundo o relato dos pilotos envolvidos na missão, no dia 30 de maio de 1982.
Você precisa fazer log in para comentar.