O Hamas realmente acreditou que conquistaria todo o Israel; na sua preparação, dividiu o país em “cantões”

Shlomi Eldar é um jornalista israelense, que recentemente publicou um longo artigo no Haaretz, no qual relata conversas com “gazenses” (moradores da Faixa de Gaza) que conseguiram fugir para o Cairo, no Egito.

Eles falam sobre como era a vida na Faixa de Gaza, como está sendo a vida no Egito, mas principalmente sobre a guerra e o líder do Hamas, Yahya Sinwar (que está na foto de capa).

Vamos traduzir e analisar alguns trechos do artigo.

“Na manhã de 7 de outubro, quando vi dezenas de foguetes sendo disparados da Faixa, pensei que Israel havia assassinado uma figura importante do Hamas e que essa era a resposta. Mas quando vi um jipe militar passar pela minha casa e entendi que ele estava carregando uma mulher sequestrada de Israel, e vi como dezenas de moradores locais jubilantes a cercaram – percebi a intensidade da tempestade que estava prestes a engolir toda a Faixa de Gaza. Eu sabia que Gaza estava acabada. Gaza estava no caminho da perdição”, disse Abu Zaydeh.

Um consumidor compulsivo da mídia israelense, Abu Zaydeh está bem familiarizado com a perspectiva do público e da liderança. “Eu disse à minha esposa que os israelenses iriam nos atropelar com tanques e que destruiriam tudo. ‘Todos esses prédios altos que você vê ao seu redor’, eu disse a ela, ‘os israelenses vão derrubá-los. Um após o outro. Eles vão nivelar toda Gaza.’”

O que de fato aconteceu. Os prédios se foram. A casa de Abu Zaydeh se tornou a sede das Forças de Defesa de Israel na área de Jabalya.

Perguntei a ele se entendia os gritos jubilosos de muitos palestinos ao verem os cativos que foram trazidos triunfantemente para Gaza.

Por um momento, ele não tentou defender sua reação. “Você pode escrever em letras maiúsculas”, disse ele. “Do meu ponto de vista, é uma vergonha.” Ele elevou a voz para que eu não perdesse sua determinação. “Eu, como palestino, digo a você em voz alta: é uma vergonha. Tenho vergonha de que tenham assassinado e sequestrado pessoas – crianças, mulheres, idosos. Estou envergonhado. Isso não é heroísmo. Absolutamente não é heroísmo.”

Nos dois primeiros dias da guerra, lembra ele, até mesmo figuras do Hamas disseram que os civis deveriam ser libertados. “Se houvesse um pouco de sensatez, os israelenses poderiam ter recuperado as mulheres, os idosos e as crianças de graça. Eu lhe digo isso com certeza. Por conhecimento. Mas Israel pensou que a pressão levaria à libertação dos cativos. Eles não entenderam o que é o Hamas.”

“Mas de novo eu digo, e não tenho medo de dizer: Matar civis e sequestrar mulheres, idosos e crianças não é heroísmo. E eu lhe digo isso como palestino que sabe que agora há 32.000 mortos e pelo menos 10.000 enterrados sob os escombros. Dez pessoas foram mortas apenas na minha família. Nove não tinham nada a ver com o Hamas, incluindo um primo e um sobrinho. Eles foram procurar comida e um míssil foi lançado sobre eles.”

Perguntei a Abu Zaydeh se ele já tinha pensado que o Hamas era capaz de perpetrar horrores como os do dia 7 de outubro. “Se você tivesse me perguntado”, ele respondeu, “eu teria respondido como qualquer oficial de inteligência israelense: é inconcebível que seja isso que eles estão planejando. Eu não teria acreditado que eles não levariam em conta o que aconteceria com eles no dia seguinte.” Ele acrescenta: “Houve muitas declarações do Hamas antes de 7 de outubro, e nós do Fatah ríamos. Por exemplo, alguém do Hamas escreveu no Facebook: ‘Lembrem-se, em mais alguns meses os homens de al-Qassam chegarão a Ashkelon, entrarão na prisão e libertarão todos os prisioneiros’. Essa era a atmosfera. Era difícil para nós entendermos que eles acreditavam que com 3.000, 5.000 ou mesmo 10.000 militantes armados eles conquistariam Israel. Isso é insano. Mas quando você acredita que Deus está enviando você para fazer sua vontade, não há com quem argumentar. Os sinais estavam lá o tempo todo.”

Ashkelon é uma cidade portuária israelense que está fora das “fronteiras de 1967”, que são as linhas do armistício de 1949, após a Guerra da Independência de Israel.

Quando o Hamas diz que está interessado em Ashkelon, está sinalizando que seu interesse, na verdade, não são as “fronteiras de 1967”, como frequentemente dizem a diplomatas estrangeiros, mas sim todo o território israelense. É por isso que Zaydeh falou que era loucura o Hamas acreditar piamente que poderia conquistar todo o Israel com apenas 10 mil terroristas.

De fato, Abu Zaydeh está bem ciente de que nos últimos dois anos a liderança do Hamas vinha falando sobre a implementação “da última promessa” (alwaed al’akhir) – uma promessa divina sobre o fim dos tempos, quando todos os seres humanos aceitarão o Islã. Sinwar e seu círculo atribuíram um significado extremo e literal à noção de “a promessa”, uma crença que permeava todas as suas mensagens: em discursos, sermões, palestras em escolas e universidades. O tema principal era a implementação da última promessa, que incluía a conversão forçada de todos os hereges ao Islã, ou a sua morte.

Em um discurso militante que Sinwar proferiu em 2021, após a Operação Guardião das Muralhas do IDF em Gaza, ele deixou claro que estava se preparando para uma guerra ampla. “Estamos diante de um confronto aberto com o inimigo, que está teimosamente insistindo em transformar a batalha em uma guerra religiosa”, ele gritou no microfone. “Precisamos estar prontos para defender Al-Aqsa. Toda a nossa nação precisa estar pronta para marchar em uma ‘enchente furiosa’ para arrancar essa ocupação de nossa terra.”

Coincidentemente, ou não, o Hamas chamou sua ação militar de “Inundação de al Aqsa”. Al Aqsa é uma mesquita, situada próxima ao famoso Domo da Rocha, que é considerada sagrada para muitos muçulmanos. Há rumores persistentes, datando de mais de um século de que “Israel quer derrubar a Mesquita de al Aqsa”.

Apesar de estes rumores não terem a menor base na realidade – afinal de contas, Israel controla toda Jerusalém desde 1967, e se quisessem derrubar a Mesquita já tiveram seis décadas para fazê-lo – são rumores frequentemente usados para inflar os ânimos de muçulmanos ao redor do mundo.

Mas fora do núcleo duro da liderança do Hamas, falar de um confronto apocalíptico era considerado nada mais do que um sonho irreal em Gaza, palavrório sem sentido que pretendia servir aos propósitos de relações públicas de Sinwar e seu grupo, para desviar a discussão pública da angústia dos gazenses. A loucura do grupo era aparente para muitos. Na verdade, qualquer pessoa que assistisse ao canal de televisão do Hamas, ouvisse os discursos de Sinwar ou seguisse seus colegas no Twitter, poderia ter entendido que um processo estava em andamento em Gaza para preparar as pessoas para uma operação militar em grande escala. No entanto, apenas alguns perceberam que essas não eram apenas fantasias, mas uma ambição concreta que seria traduzida em um plano concreto.

Outro amigo que conheci no Cairo deixou claro para mim o quão operativo era o plano.

Iyad está bem familiarizado com o Hamas e sua liderança, e eles com ele. Há alguns anos, durante uma reunião com Sinwar, este último se gabou das conquistas do Hamas e mostrou a ele e alguns outros seu vasto projeto de túneis em Gaza. “Ele disse que tinham investido 250 milhões de dólares para colocar Gaza debaixo da terra”, relata Iyad. “Eu disse a ele que estava louco.”

Já naquela época, ele diz, sabia que o Hamas tinha perdido o rumo. Quando começaram a falar sobre “a última promessa”, ele também não achou que fosse sério. Mas em 2021, sua opinião mudou. Naquela época, Iyad percebeu que não se tratava de uma ideia maluca proposta por um grupo de “ervas daninhas selvagens”, mas que toda a liderança havia sido cativa pela ideia desequilibrada de um confronto total. Eles tinham um plano ordenado e acreditavam estar cumprindo uma missão divinamente ordenada.

“Tão fortemente eles acreditavam na ideia de que Alá estava com eles, e que eles iriam derrubar Israel, que começaram a dividir Israel em cantões, para o dia depois da conquista.”

Ou seja, para o Hamas, a guerra contra os judeus de modo geral e contra Israel em particular é uma guerra religiosa (jihad). No islamismo, não é possível fazer paz permanente contra quem você trava jihad, no máximo estabelecer tréguas temporárias, enquanto se prepara para os próximos conflitos.

Iyad descreve um evento surpreendente, que demonstra a escala da loucura no Hamas. “Um dia, uma figura bem conhecida do Hamas me liga e me diz com orgulho e alegria que estão preparando uma lista completa de chefes de comitês para os cantões que serão criados na Palestina. Ele me oferece a presidência do comitê de Zarnuqa, onde minha família morava antes de 1948.”

A aldeia árabe de Zarnuqa ficava cerca de 10 quilômetros a sudoeste de Ramle; hoje o bairro Kiryat Moshe de Rehovot está em suas terras. Iyad estava sendo informado de que lideraria o grupo que estaria encarregado de reabilitar a área de Ramle-Rehovot no dia após a realização da “última promessa”.

Iyad diz que ficou chocado. “Vocês estão loucos”, disse à pessoa do Hamas, e pediu-lhe que não o ligasse mais.

O relato de Iyad pode parecer absurdo, mas não surpreenderá aqueles que sabem o que aconteceu na “Conferência da Promessa do Além”, que ocorreu em 30 de setembro de 2021, alguns meses após o fim da Operação Guardião das Muralhas. O evento, que ocorreu no Hotel Commodore, à beira-mar de Gaza, discutiu em detalhes a implantação para a futura gestão do Estado da Palestina, após sua “libertação” de Israel.

A conferência foi financiada pelo Hamas e organizada por Kanaan Obeid, da organização. Obeid, que não é membro da ala militar e parece ser um administrador sem graça e não ameaçador, é considerado o autor da ideia que preparou os corações dos líderes do Hamas e dos moradores de Gaza para a tomada de Israel no “Dia do Julgamento”. Ele está atualmente preso em Israel, após ser capturado ao tentar fugir para o sul da Faixa de Gaza.

Num discurso escrito que Sinwar enviou à conferência, o líder da organização insinuou que a campanha para a conquista completa do “estado dos sionistas” estava “mais próxima do que nunca”. Ele afirmou que “a vitória está próxima” e que a “libertação completa da Palestina do mar [Mediterrâneo] ao rio [Jordão]” é “o coração da visão estratégica do Hamas… Para isso, estamos trabalhando duro e fazendo muitos esforços no solo e profundamente abaixo dele, no coração do mar, e nas alturas dos céus… Nós [já] vemos com nossos olhos a [iminente] libertação e, portanto, estamos nos preparando para o que virá depois dela…”

Quando os grupos “pró palestinos” cantam “Palestina livre, do rio até o mar” estão se referindo ao Mar Mediterrâneo, que é a fronteira ocidental de Israel, e ao Rio Jordão, que é a fronteira oriental. Ou seja, estão falando de todo o território israelense, reforçando nosso comentário acima, e não apenas “as fronteiras de 1967”, que alegam ser o que querem.

Estes relatos reforçam, mais uma vez, que o Hamas de fato acreditava que Alá estava com eles, e que portanto a noção de conquistar todo o Israel com 10 mil soldados não era uma loucura, mas sim um mandado divino do qual eles não poderiam fugir.

Após um longo dia de discussões, foram tiradas conclusões – que foram publicadas extensivamente no site do MEMRI (Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio), liderado pelo Coronel (res.) Yigal Carmon. Elas tratavam da questão de como o Hamas deveria se preparar para o dia após a conquista e destruição de Israel, e com o estabelecimento de um estado diferente em suas ruínas. (Todas as citações da conferência foram traduzidas pelo instituto.)

Os planos eram tão detalhados que os participantes da conferência começaram a elaborar uma lista de todas as propriedades em Israel e designaram representantes para lidar com os ativos que seriam confiscados pelo Hamas. “Nós temos um registro dos números de apartamentos israelenses e instituições, instituições educacionais e escolas, postos de gasolina, usinas de energia e sistemas de esgoto, e não temos escolha senão nos preparar para gerenciá-los”, disse Obeid à conferência.

Uma questão era como tratar os israelenses. “Ao lidar com os colonos judeus em terras palestinas, deve haver uma distinção nos comportamentos em relação a [o seguinte]: um combatente, que deve ser morto; um [judeu] que está fugindo e pode ser deixado em paz ou ser processado por seus crimes no âmbito judicial; e um indivíduo pacífico que se entrega e pode ser [ou] integrado ou dado tempo para partir.” Eles concordaram que, “Este é um problema que requer uma profunda deliberação e uma exibição do humanismo que sempre caracterizou o Islã.”

Chega a ser irônico falarem sobre “o humanismo que sempre caracterizou o Islã”, quando o Estado Islâmico e o Hamas cometeram algumas das maiores atrocidades vistas em tempos recentes.

Mais especificamente, discutiu-se a questão do êxodo de cérebros. “Judeus educados e especialistas nas áreas de medicina, engenharia, tecnologia e indústria civil e militar devem ser retidos [na Palestina] por algum tempo e não devem ser autorizados a sair e levar consigo o conhecimento e a experiência que adquiriram enquanto viviam em nossa terra e desfrutavam de sua abundância, enquanto nós pagamos o preço por tudo isso em humilhação, pobreza, doença, privação, morte e prisões”, afirmou a declaração final da conferência.

Os participantes discutiram o estabelecimento de aparatos políticos e decidiram que, “Um anúncio será dirigido às Nações Unidas declarando que o Estado da Palestina sucedeu o estado de ocupação e desfrutará dos direitos do estado de ocupação.” Eles também presumiram que o novo estado herdaria os acordos de fronteira com o Egito e a Jordânia, “bem como os acordos de delimitação de zona econômica com a Grécia no Mediterrâneo Oriental, os direitos de passagem e de navegação no Golfo de Aqaba, etc.” Como o valor do shekel provavelmente seria reduzido a “zero”, eles recomendariam aos palestinos que convertessem todas as suas economias “em ouro, dólares ou dinares.”

Um dia, uma figura conhecida do Hamas me liga e me diz com orgulho e alegria que eles estão preparando uma lista completa de chefes de comitês para os cantões que serão criados na Palestina. Ele me oferece a presidência do comitê de Zarnuqa, onde minha família vivia antes de 1948.

A conferência tratou da necessidade de recrutar pessoal para comitês populares que “garantirão os recursos da terra… Eles serão treinados e então designados para [diferentes] equipes de trabalho”, declarou o comunicado, acrescentando, “Os preparativos para isso começarão agora mesmo, antes de tudo na Faixa de Gaza.”

“Estamos indo para a vitória que Alá prometeu a seus servos”, afirmou o comunicado resumido. “Chegou a hora chegou de agir.”

Mais uma referência messiânica, reforçando o quanto a jihad era levada a sério, como uma ordem divina.

“Todos riram quando Kanaan organizou aquele grande show em Gaza,” me disse uma figura proeminente da Fatah de Ramallah com quem conversei após 7 de outubro. “Mas eu não ri. Eu sabia que a cabeça [por trás disso] era a cabeça de Sinwar.”

Ele também acrescentou detalhes sobre a conferência. “Eles convidaram refugiados de 1948 [sobreviventes ou seus descendentes] que são considerados ter alto status, e deram-lhes tarefas com toda seriedade. Não apenas como chefes de comitês, mas mais do que isso, papéis genuinamente profissionais: manuseio de terras, educação, até transporte e comunicações.”

Por causa disso, diz a figura sênior, ele não ficou nem um pouco surpreso com o ataque do Hamas em outubro passado. “Eu sabia para onde isso estava indo, assim que Sinwar assumiu o poder e removeu todos os seus oponentes”, diz ele. “Se você está falando de um erro, a libertação de Sinwar da prisão em Israel [em 2011] é o antepassado do seu erro. Vocês [em Israel] falam sobre o Hamas o tempo todo e não entendem quem é Sinwar. Enquanto ele estiver respirando, ele administra as coisas, e ele é um fanático insano.” Ele observa que enquanto Sinwar estava “na prisão em Israel, ele se tornou ainda mais extremista, a ponto de acreditar verdadeira e sinceramente que é ‘o ajudante do profeta Maomé’.”

A figura sênior relata que, em uma ocasião, encontrou-se com uma figura israelense de alto escalão em um hotel de Jerusalém e o alertou sobre o caráter de Sinwar. Israel, disse ele, não sabe com quem está mexendo.

Sinwar foi um dos 1.027 prisioneiros palestinos libertos de Israel em 2011 em troca de Gilad Schalit, um soldado que foi capturado em 2006.

O Hamas com certeza quer usar este precedente para exigir a libertação de um número ainda maior de prisioneiros em troca dos reféns levados de Israel em 7 de outubro.

Tudo estava às claras, mas Israel não ouviu e não viu. O grupo Hatzav na Unidade 8200, a divisão de inteligência de sinais da Inteligência Militar das IDF, cujo pessoal coletava material de inteligência aberto, foi desativado em 2021. A inteligência israelense perdeu completamente a imagem que se formava.

A Inteligência israelense – Shin Bet, Mossad, etc. – não levou a sério a ameaça que SInwar representa, e também não considerou a “Conferência do Além” como sendo algo realmente sério.

Não precisava ser assim, relata Iyad com tristeza. De sua amizade com as pessoas envolvidas no Hamas, ele observa que Sinwar na verdade perdeu a eleição para o cargo de topo realizada em 10 de março de 2021, meio ano antes da conferência. Nizar Awadallah, da ala política do Hamas, venceu a eleição realizada secretamente por uma margem estreita, mas Marwan Issa, a figura nº 2 na ala militar, que foi morto recentemente, e seu pessoal ameaçaram os membros locais do Comitê de Shura, que supervisionaram os locais de votação, para induzi-los a mudar os resultados. Isso foi feito e Sinwar foi declarado líder do Hamas pela segunda vez, tendo anteriormente vencido uma eleição em 2017.

“Me diga,” perguntei a ele, “é possível que tudo o que você está relatando não tenha sido visto ou ouvido pelo serviço de inteligência israelense?”

Iyad pausou por um minuto e respondeu: “Eles não deram atenção aos dados. Eles sabiam sobre a conferência no Hotel Commodore, que até foi reportada na mídia israelense. Mas eles não deram importância. Parecia tão louco, eles acharam que não era nada.”

Verdade seja dita, nem mesmo os palestinos de modo geral acreditaram que o Hamas de fato estava com planos de ação concretos como resultado da Conferência…

É difícil estimar quantos palestinos conseguiram deixar a Faixa de Gaza desde o início da guerra. Os palestinos com quem conversei pensam que estão entre 30.000 e 50.000. Naturalmente, aqueles que conseguiram sair são aqueles com status e famílias que tinham os meios “para comprar” um bilhete de saída para o Egito. Mas também há jovens cujos pais juntaram cada dólar que puderam para enviar seus filhos para fora do inferno de Gaza.

A tragédia humana da guerra é devastadora, mas de nenhum modo surpreendente – tando Zaydeh como Iyad souberam imediatamente que a resposta israelense seria avassaladora.

CONCLUSÃO

É até difícil comentar sobre a loucura dos planos do Hamas.

Israel não foi conquistado por vários países invadindo com centenas de milhares de soldados, tanques e aviões, mas Sinwar e seus zelotes realmente pensavam que conseguiriam com um punhado de soldados armados apenas com fuzis e metralhadoras.

Há relatos de analistas de que, se o Hamas não tivesse se detido no Festival Nova, onde massacraram, abusaram e sequestraram centenas de pessoas, eles teriam avançado ainda mais, talvez até mesmo em direção a Tel Aviv.

Mas ainda que isso tivesse acontecido, eles nunca tiveram a menor chance de conquistar Israel.

Mas o fanatismo que os levou a considerar seriamente que conseguiriam é o que impulsiona Israel a continuar seus ataques, pois está mais do que claro que não é possível arrazoar com o Hamas.

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