Estamos vendo, na Guerra Russo-Ucraniana, o impacto causado pelos “drones”, usados em grandes quantidades por ambos os lados.
Infelizmente, como de costume, vemos diversas informações desencontradas e até mesmo incorretas na mídia, inclusive a dita especializada.
Foi pensando nisso que decidimos lançar uma série de artigos, nos quais vamos falar um pouco sobre seu uso nos três domínios – ar, terra e mar – e sobre alguns exemplos de drones em cada um deles.
HISTÓRIA
O termo “drone” é usado, de forma genérica e principalmente em meios leigos, para definir veículos não tripulados. Tecnicamente falando, os drones existem nas seguintes categorias:
- UAV – veículos aéreos remotamente pilotados
- UGV – veículos terrestres remotamente pilotados
- USV – veículos aquáticos de superfície remotamente pilotados
- UUV – veículos subaquáticos remotamente pilotados
Pode não parecer, mas os drones não são invenções novas, e na verdade foram usados antes da invenção dos aviões mais pesados que o ar!
Em 1849, durante um cerco austríaco a Veneza, o ‘porta balões’ SMS Vulcano, um dos precursores dos modernos NAe (navios aeródromos, ‘porta-aviões’), utilizou balões de papel (similares aos balões de São João) para lançar pequenas bombas incendiárias de 12-15 kg sobre a cidade, numa ação que, provavelmente, foi o primeiro uso ofensivo do poder aéreo embarcado na história.
Embora algumas bombas tenham de fato atingido a cidade, a imprevisibilidade dos ventos frustrou o ataque, sendo que alguns dos balões quase atingiram o próprio Vulcano! Claro que tais balões não eram pilotados, mas mostram claramente o potencial de pequenas aeronaves / mísseis na função de ataque.

Houve um uso mais ou menos experimental de drones nas duas guerras mundiais, com seu emprego aumentando gradualmente, de tal forma que alguns modelos, como o Goliath alemão sendo produzido em larga escala já na Segunda Guerra Mundial.
Na Guerra do Vietnã, os EUA usaram drones em uma escala relativamente grande, bem como Israel em suas guerras a partir dos anos 1970 e 1980.
A tecnologia evoluiu muito, e atualmente os drones são fundamentais na guerra.
PRESENTE
Em guerras recentes, como a de Nagorno-Karabakh de 2020 e a Russo-Ucraniana que começou em 2022, os drones já se mostraram essenciais. Os drones também foram amplamente usados na GWOT (“Guerra Mundial Contra o Terrorismo”), que os EUA travaram entre 2001 e 2021 em países como Afeganistão e Iraque.
Nos últimos 15 anos, aproximadamente, os drones deixaram de ser uma tecnologia quase que exclusiva para os militares e se tornaram acessíveis o bastante para que até mesmo atores com poucos recursos financeiros consigam adquiri-los em números consideráveis. A principal função destes drones é o conjunto ISTAR (Inteligência, Vigilância, Designação de Alvos e Reconhecimento), e em casos raros também para ataques diretos. Falaremos mais disso no capítulo dedicado aos UAV.

CONCLUSÃO
Os drones não são a tecnologia do futuro – já são uma realidade inescapável do campo de batalha moderno.
Quaisquer países que ignorem esta tendência já estão sob grave ameaça.
O Brasil, embora com certo atraso, começou a investir em drones, mas falaremos mais sobre isso nos próximos artigos da série.
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