CONVERSANDO COM UM LEGIONÁRIO BRASILEIRO LUTANDO NA GUERRA DA UCRÂNIA

Na tarde do dia 18 de fevereiro, o voluntário brasileiro Deivisson Belchior, que está servindo na Legião Estrangeira de Voluntários para a Defesa da Ucrânia, entrou em contato via Instagram com o Professor Luiz Reis, do Canal Militarizando e do Tudo Sobre Defesa, e esclareceu algumas coisas sobre sua situação e a de outros legionários que estão lutando contra os russos na Guerra da Ucrânia:

“Eu estou bem, bem cuidado e alimentado, mas se recuperando de ferimentos em combate recebidos no mês passado” (por razões de segurança, Belchior não informou o local da batalha nem a unidade em que ele está servindo no momento).

“Estou convalescendo num hospital na retaguarda, em algum lugar do leste da Ucrânia, mesmo assim ele consegue ouvir o barulho dos combates na linha de frente”.(Belchior disse que seu fuzil, um AK-74, sempre está próximo a ele).

Belchior e a sua inseparável AK-74, em algum lugar da Ucrânia, antes de ser ferido em combate. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu estou no hospital com outro legionário brasileiro, de apelido ‘Black’ (nome e sobrenome omitidos por razões de segurança), que também se feriu em combate mas está se recuperando bem”.

“Se tudo correr bem irei retornar para o front, mesmo com o intenso frio na região, em cerca de oito dias. Já ‘Black’ seguirá se recuperando no hospital.” (Belchior esclareceu que, diferentemente dos ucranianos, os voluntários podem abandonar o combate quando quiserem).

Dois momentos de Belchior andando pelas ruas de uma Ucrânia em guerra. (Fotos: Arquivo Pessoal)

“Eu (Belchior), ‘Black’, e os Legionários ‘Cristian’ e ‘Roberto’ (sobrenomes omitidos por razões de segurança) são os legionários brasileiros mais antigos a lutarem na guerra: estão lutando há cerca de 11 meses, e que muitos brasileiros já deixaram a Ucrânia: muitos não ficaram um mês, segundo Belchior.

“Muitos legionários, como eu, ainda estão operando os fuzis ‘soviéticos’ (AK-74), enquanto alguns soldados do exército regular e alguns legionários já receberam o fuzil ‘CZ’ (CZ Bren 801, de origem da República Tcheca, mas fabricado na Ucrânia sob licença)”.

Belchior (a esquerda) antes da guerra era professor e Mestre de Jiu-Jitsu. Também já foi policial militar e serviu no Exército Brasileiro. Na Ucrânia ainda encontra tempo para treinar a “arte suave” com seus camaradas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Belchior encerra a conversa colocando que pretende seguir na Ucrânia após a guerra e que se puder tentará obter a cidadania ucraniana e se incorporar ao Exército Ucraniano regular, pois como também é Mestre de Jiu-Jitsu (é faixa preta 2° grau) pode ensinar a sua arte para outros soldados e até dar aulas no país. Belchior também foi policial militar e também serviu no Exército Brasileiro, onde participou da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) em 2012.

Ao final da conversa, Belchior lembrou que o legionário “Cristian” está internado em um hospital de campanha ucraniano, sem dizer qual seria o seu estado de saúde, e que existe um outro legionário brasileiro de nome “Ezequiel” (sobrenome também obtido por razões de segurança) que está num hospital de campanha, ferido devido a uma “mina antitanque”, sem dar mais informações sobre o seu estado de saúde.

NOTA: O Canal Militarizando agradece os esclarecimentos que o Legionário Belchior deu sobre sua situação e a de alguns legionários brasileiros na Guerra da Ucrânia. Que Deus proteja o Legionário Belchior em seu retorno ao combate e que ele e todos os outros brasileiros retornem são e salvo dessa terrível guerra.

FOTO DA CAPA: O legionário Deivisson Belchior (a direita), posa para uma fotografia ao lado de um legionário norte-americano de apelido “Bob” (nome e sobrenome não divulgados por razões de segurança).