
Muitos historiadores defendem que a participação brasileira na Campanha da Itália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45) através dos mais de 25 mil homens e mulheres da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e de dois esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB) foi uma participação simples, modesta e até mesmo folclórica, e para defender essa ideia exibem bons argumentos. Há também quem exalte a participação brasileira, pelas suas ações realizadas dentro e fora do campo de batalha, e pra isso também existem diversos argumentos válidos. Dentro da corrente que propõe uma participação mais gloriosa de nossos “pracinhas”, um evento é absolutamente marcante: “Os 17 de Abetaia”.
Monte Castelo (importante reduto nazista na Itália) foi tomado pela FEB na tarde de 21 de fevereiro de 1945. No cume do morro, nos dias que se sucederam, o capelão Reverendo 1º Tenente João Filson Soren (1908-2002) e os soldados empreenderam uma árdua busca aos soldados desaparecidos em missões de ataque anteriores, afim de, com sorte, encontrar alguém com vida, mas, sobretudo, no intuito de dar um sepultamento digno aos mortos. Acabaram por encontrar um punhado de soldados, todos juntos, quase em formação de combate em semicírculo. Os corpos insepultos por dois meses tinham sido preservados pelo frio e neve e causaram profunda comoção entre os presentes. Muitos ainda com o dedo travado no gatilho de seus fuzis, enquanto outros estavam com granadas na mão e sem o pino de segurança. Quase todos estavam sem munição, o que faz acreditar que lutaram até o último tiro. Ficaram conhecidos como os “17 de Abetaia”, que era o local de sua posição defendida, no sopé do Monte Castelo. Todos eles tinham uma média de idade de apenas 23 anos.

Entre os corpos encontrados estavam o do Sargento Luiz Rodrigues Filho, do Regimento Sampaio, que provavelmente foi quem organizou a defesa da posição contra o contra-ataque alemão. Ele, juntamente com seus homens, saiu em patrulha de combate no dia 12 de Dezembro de 1944 e nunca mais foram vistos, provavelmente foi a data de sua morte juntamente com grande parte dos seus homens. A princípio se supôs que todos fossem dessa unidade mas pesquisas de identificação comprovaram que alguns pertenciam a outras unidades brasileiras que também participaram do ataque a Monte Castelo. A descoberta aumentou a névoa do mistério que cercou esse episódio. O Coronel Nelson Rodrigues de Carvalho, em sua história do Regimento Sampaio, sugere que alguns soldados desgarrados, atraídos pelo fogo de Abetaia, lá se encontraram com outros e lutaram até a morte. O fato é inquestionável marca da bravura indômita do pracinha brasileiro, que lutou até morrer atacando o inimigo.
OS 17 HEROIS DE ABETAIA

3º Sargento Luiz Rodrigues Filho – 1ºRI, de Engenho Novo – RJ;
Soldado Ary de Azevedo – 1ºRI, de Engenho Novo – RJ;
Soldado Cristino Clemente da Silva – 1ºRI, de Tijucas – SC;
Soldado Duravalino do Espírito Santo – 1ºRI, de São Fidélis – RJ
Soldado José de Araújo – 1ºRI, de Santo Antônio de Pádua – RJ;
Soldado Alcides Maia Rosa – 11ºRI, de Dores de Campos – MG;
Soldado Aleixo Herculano Malva – 11ºRI, de Itajaí – SC
Soldado Almiro Bernardo – 11ºRI, de Botucatu – SP
Soldado Amaro Ribeiro Dias – 11ºRI, de Campos – RJ
Soldado Amélio da Luz – 11ºRI, de Cerro Azul – PR
Soldado Antônio Coelho da Silveira – 11ºRI, de São João Del Rei – MG
Soldado Lindo Sardagna – 11ºRI, de Ibirama – SC
Soldado Hereny da Costa – 11ºRI, de Belo Horizonte- MG
Soldado Iraci Luchina – 11ºRI, de Araraguá – SC
Soldado Marino Félix – 11ºRI, de Itatinga – SP
Soldado Rafael Pereira – 11ºRI, de Mirandápolis- SP
Soldado Sebastião Clemente Machado – 11ºRI, de Rio Preto – SP
Obrigado pelos seus serviços e descansem em paz.
FOTO DE CAPA: Pintura a óleo retratando ¨Os 17 de Abetaia¨.Quadro de autoria do Capitão Vet. Otton Arruda Lopes datado de 21/02 1993. Exposto no Museu da FEB, em Belo Horizonte – MG.
FONTES: Wikipédia, Sites “Guerras Mundiais Zheit” e “O Resgate da FEB” e “Fatos Militares”.
FOTOS DOS PRACINHAS: Perfil “Imortais Combatentes da FEB” no Instagram.
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