
Aeronave muito famosa por causa do filme “Top Gun”, onde foi mostrado com um poderoso caça para combates aproximados (Dogfight), o F-14 na vida real deu muita dor de cabeça para muita gente, pelo menos nos anos iniciais de sua vida operacional.
O Grumman F-14 Tomcat nasceu para substituir o General Dynamics/Grumman F-111B, a versão naval do famoso caça-bombardeiro General Dynamics F-111A “Aadvark” da Força Aérea dos EUA (USAF), que fora cancelado. Como a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) não tinha tanto tempo e dinheiro para gastar com o Tomcat (muito disso por conta da pressão do Departamento de Defesa – DoD – em cortar gastos), ele acabou herdando os motores Pratt & Whitney TF30 do F-111B e essa herança foi um dos maiores problemas durante toda a carreira do F-14A.
O TF30, desenvolvido para voo nivelado a grande velocidade e a baixa altitude, tinha uma perigosa tendência de entrar em estol (apagar) durante manobras muito bruscas, algo que é mais do que constante em combate aéreo aproximado. Os motores também poderiam apagar durante manobras de pouso embarcado, onde o piloto faz a aproximação aplicando diversos comandos rápidos no manche e nas manetes de potência, o que que foi fatal para a Tenente Kara “Revlon” Hultgreen, uma das primeiras mulheres a pilotar o Tomcat, em 1994 (Veja o vídeo do acidente no final do artigo).

O apagamento de um dos motores gerava empuxo assimétrico, fazendo com que o avião entrasse em um parafuso chato, parafuso esse que causava o apagamento do outro motor. Logo, era quase impossível recuperar o controle do caça. Esse problema só foi resolvido no início da década de 1990, quando o TF30 foi substituído pelos motores General Electric F110-GE-400, utilizados nas versões F-14A+ (depois redenominado F-14B) e F-14D Super Tomcat. Tais motores eram derivados do F101 do bombardeiro supersônico Rockwell B-1B Lancer.
A troca dos motores melhorou muito a vida de quem trabalhava com Tomcat, fossem tripulantes mecânicos e técnicos. Os novos F110 trouxeram mais segurança, economia, autonomia e potência. Quase oito mil libras de potência a mais (em regime de pós-combustão) do que os problemáticos TF30.
Era tanta potência que os F-14A+ (F-14B) e F-14D eram proibidos de usar pós-combustão em decolagem nos porta-aviões, pois a aeronave poderia ultrapassar o lançador da catapulta, causando danos enormes. As restrições também serviam para evitar perda de controle por empuxo assimétrico em caso de apagamento dos motores, mesmo quando operando em “terra firme”.
TEXTO: Gabriel Centeno (Adaptado), via Facebook do Canal Militarizando.
NOTA DO CANAL MILITARIZANDO: A cena do filme “Top Gun”, de 1986, que mostra a queda do F-14A pilotado pelo piloto Tenente Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) e o RIO (Radar Interceptor Officer) Tenente (Junior Grade) Nick “Goose” Brasdshaw (Anthony Edwards), que ocasionou a morte de “Goose” foi, segundo algumas fontes, incluída a pedido dos consultores pilotos de F-14 da Marinha dos EUA que estavam ajudando os roteiristas do filme como uma forma de protestar contra o terrível problema do estol do compressor do F-14 em manobras aéreas.
IMAGEM DE CAPA: Em sentido horário, a partir de cima, o motor P&W TF-30 do F-14A; dois F-14B “Bombcat” repotencializados com o motor GE F110; uma imagem em corte do problemático compressor do TF30; a tubeira em pétalas do motor GE F110 do F-14D; um Grumman F-14D Super Tomcat decolando de um porta-aviões da Marinha dos EUA (US Navy) sem o auxílio do pós-combustor.
FONTES: Wikipédia, AP e Getty Images.