O CAÇA NORTHROP F-5E TIGER II NA FORÇA AÉREA PORTUGUESA: ERA PARA SER MAS NÃO FOI

Com o fim da Guerra Colonial Portuguesa, ou Guerra no Ultramar, tornou-se evidente que a Força Aérea Portuguesa (FAP) não tinha um caça moderno capaz de garantir as necessidades de defesa aérea do país e de cumprir os seus compromissos internacionais junto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O North American F-86F Sabre que era o principal caça da FAP no final da década de 1970 estava obsoleto e necessitava de ser substituído rapidamente. Os Fiat G.91 “Gina”, comprados para a Guerra na África, eram completamente inadequados como caças táticos. Como membro da OTAN e aliado dos EUA, Portugal contava mais uma vez com a ajuda militar norte-americana para modernizar a sua força aérea.

Dentro do leque de opções disponíveis, a opção mais desejada parecia ser um pequeno e leve caça supersônico, fabricado pela empresa norte-americana Northrop Corporation, sendo fornecido pelo Departamento de Defesa (DoD) norte-americano através do Military Assistance Program (MAP), que buscava reequipar as forças armadas das nações aliadas dos Estados Unidos.

O Northrop F-5E Tiger II era um caça leve e de baixo custo, de fácil manutenção e operação e capaz de levar uma gama interessante de armamento. Estava em produção na Northrop e foi vendido para vários países tendo a sua produção final atingido os 1.482 exemplares, sendo utilizado em várias forças aéreas até os dias de hoje, como a Força Aérea Brasileira (FAB), a Força Aérea do Chile (FACh), dentre outras.

A aeronave da Northrop era um caça tático otimizada para operações ar-ar e ar-solo e na sua versão mais antiga (o F-5A Freedom Fighter) tinha mostrado ser uma boa máquina de combate em vários países e durante o período de testes denominado “Skoshi Tiger” (onde foi redenominado “F-5C”) durante a Guerra do Vietnã, onde somou mais de 4.000 horas em missões de apoio tático, reconhecimento e interceptação.

O F-5E era a segunda geração desse caça, mantendo a economia e a simplicidade do seu antecessor, mas com mais capacidades e desempenho. O interesse da FAP pelo avião começou a ganhar forma em 1976-77, com a chegada de seis Northrop T-38A Talon emprestados e depois doados pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para treinamento dos pilotos portugueses e familiarização com o futuro F-5.

Os T-38, na verdade uma aeronave de treinamento avançado supersônico usada pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) foram distribuídos na Esquadra 201 “Falcões”, sediadas na Base Aérea Nº 5, em Monte Real, que estaria também destinada a receber os F-5. Este primeiro lote de aparelhos é reforçado por um segundo lote igual em janeiro de 1980 destinado à mesma função.

Em março do mesmo ano, o jornal “Diário da República” chega mesmo a publicar o esquema de pintura dos futuros F-5 da FAP. Por razões orçamentárias, a FAP desistiu da compra dos F-5 e optou por um lote de aeronaves de ataque ex-Marinha dos EUA (US Navy) LTV A-7A Corsair II, que foram revisadas e elevadas ao padrão A-7P. Os T-38 continuaram operando na FAP até 1993, sendo substituídos pelos treinadores Dassault/Dornier Alpha Jet. Atualmente a FAP voa com os caças Lockheed Martin F-16AM/BM Fighting Falcon.

Página de um documento da FAP de março de 1980 aonde mostra como seriam aplicados os emblemas da FAP nos novos F-5E, que acabaram sendo cancelados. Não há informações de quantas aeronaves Portugal pretendia comprar, mas estima-se que o país iria comprar entre 12 a 24 aeronaves F-5E e F-5F (treinador de dois lugares).

IMAGEM DE CAPA: Concepção artística de como seria o Northrop F-5E Tiger II nas cores da Força Aérea Portuguesa (FAP).

FONTE: Portugal História Militar, via Facebook do Canal Militarizando.

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